Mais uma vez, o mês de Maio explode em tons de azul e branco, com mais uma vitória do Futebol Clube do Porto no campeonato nacional. O mês de Maio tem sido um mês fasto para os adeptos portistas, com sucessivas vitórias no campeonato nacional, duas taças dos Campeões Europeus e uma Taça Uefa.
A vitória de hoje, no Estádio do Dragão, perante o Nacional da Madeira por 1 - 0 deu ao melhor clube de futebol de Portugal o seu 24.º título de campeão nacional da primeira divisão, o 17.º sob a direcção de Jorge Nuno Pinto da Costa, mas não devemos esquecer, nesta hora de glória, um outro grande obreiro que foi José Maria Pedroto, fundamental no início da arrancada portista para as vitórias continuadas, nem os adeptos que se mantiveram firmes durante 19 anos sem uma vitória no campeonato.
É mais um S. João antecipado na região do Grande Porto e um dia de festa e alegria para os milhões de sócios e adeptos deste clube, de todas as raças e cores, espalhados por todo o território nacional e pelo mundo. Os seus adeptos, portugueses e estrangeiros, festejam em suas casas ou nas ruas da sua cidade, mais ou menos ruidosamente, mais uma vitória, algo que se tornou um hábito desde a época de 1984-85, com raras excepções.
O clube de futebol mais antigo de Portugal entre os ainda existentes, fundado em 1893 por António Nicolau de Almeida, um clube de matriz profundamente regional transformou-se no melhor clube de futebol nacional e no único clube português de nível internacional, como ainda este ano se comprovou ao ficar entre os oito melhores da Europa. Com uma base de sócios e adeptos indefectíveis predominante no Grande Porto, tornou-se num clube com muitos outros milhares de adeptos no resto do País e noutros países, conquistando a adesão de grande parte dos jovens portugueses com as suas vitórias a nível nacional e internacional.
A conquista do segundo “tetra” é mais um marco da sua superioridade em campo, fruto da competência, dedicação e esforço dos seus dirigentes, técnicos e jogadores, enquanto outros, despeitados e incompetentes, procuram diminuir e amesquinhar a sua manifesta superioridade a todos os níveis.
Jesualdo Ferreira, até vir para o Porto, nunca ganhara um título e muitos dos jogadores também não, mas o seu esforço e trabalho têm levado muitos dos jogadores das equipas anteriores para os clubes mais ricos da Europa, algo quase desconhecido em outros clubes, ressalvando o Sporting, o que, provavelmente, continuará a acontecer este ano. Jogadores desconhecidos do grande público tornam-se melhores, mais aptos e conhecidos a nível nacional e internacional, sob as cores azul e branca.
A propósito das cores azul e branca, relembremos um poema antigo de Pedro Homem de Melo, que tenho ideia de ter figurado muitos anos no velho Estádio das Antas:
ALELUIA
DÚVIDA? NÃO. MAS LUZ, REALIDADE
E SONHO QUE, NA LUTA, AMADURECE.
- O DE TORNAR MAIOR ESTA CIDADE.
EIS O DESEJO QUE TRADUZ A PRECE.
SÓ QUEM NÃO SENTE O ARDOR DA JUVENTUDE
PODERÁ VÊ-LA, DE OLHOS DESCUIDADOS
PORTO – PALAVRA EXACTA. NUNCA ILUDE.
RENASCE, NELA, A ALA DOS NAMORADOS !
DERAM TUDO POR NÓS ESTES ATLETAS.
SEU TRAJO TEM A COR DAS PRÓPRIAS VEIAS
E A BRANCURA DAS ASAS DOS POETAS …
Ó FÉ DE QUE ANDAM NOSSAS ALMAS CHEIAS !
NÃO HÁ DERROTAS QUANDO É FIRME O PASSO
NINGUÉM FALE EM PERDER ! NINGUÉM RECUA …
E A MOCIDADE INVICTA EM CADA ABRAÇO
A SI MAIS NOS ESTREITA. A PÁTRIA É SUA.
E, DE HORA A HORA, CRESCE O BALUARTE !
LEMBRO A TORRE DOS CLÉRIGOS, ÀS VEZES …
UM ANJO DÁ SINAL QUANDO ELE PARTE …
SÃO SEMPRE HERÓIS ! SÃO SEMPRE PORTUGUESES !
E, AZUL E BRANCA, ESSA BANDEIRA AVANÇA …
AZUL, BRANCA, INDOMÁVEL, IMORTAL
COMO NÃO PÕR NO PORTO UMA ESPERANÇA
SE “DAQUI HOUVE NOME PORTUGAL”
De uma cidade diferente a um clube odiado
Há uma frase muito antiga, que outros agora procuram copiar, que diz “O Porto é uma Nação”. Frase antiga e verdadeira, oriunda de uma época em que a cidade do Porto e as cidades vizinhas eram mais pequenas, em que os jogos do campeonato eram sempre aos domingos à tarde e correspondia ao bairrismo característico dos portuenses, sempre e desde a época medieval ciosos das suas liberdades e autonomia, prontos a defendê-las perante o bispo da cidade ou qualquer nobre que nela pretendesse habitar. Foi durante séculos uma cidade burguesa, industrial e popular, ao contrário de Lisboa, Coimbra, Braga e outras, com bandeira própria e comerciantes e marinheiros que percorriam os portos europeus e não só. Depois a centralização do poder, no tempo da monarquia absoluta, da Primeira República e a Ditadura do Estado Novo, até 1974, com um ligeiro intervalo durante o Liberalismo, retiraram a esta cidade a maior parte dos seus direitos e valores. Através dos meios de comunicação de cada época, principalmente no século xx, esses valores foram sendo apontados como “provincianos” e só os da capital eram propagandeados e exaltados. A conclusão foi a inevitável: na cidade, no Norte e no resto do país muitos dos habitantes adoptaram a maneira de falar, de vestir e até os gostos desportivos da capital, pobres colonizados que passaram a assistir a espectáculos bárbaros como as touradas e a preferir a cor vermelha ou a verde, ligadas aos árabes, em vez das tradicionais cores nacionais, o azul e branco.
Antes e depois do 25 de Abril de 1974 até hoje, a cidade do Porto e a sua região foram discriminadas, vilipendiadas, numa palavra roubadas. E que fizeram os partidos políticos e os deputados que foram eleitos nas suas listas pelo distrito? Se podemos não aceitar mas compreender o seu comportamento durante os períodos de ditadura, o mesmo não podemos fazer após a instauração daquilo a que ouvimos chamar “democracia”. Os actuais partidos políticos, quase todos fundados em 1974 ou depois, têm-se limitado a prometer mais igualdade a nível nacional e maiores investimentos na região. Apenas promessas que os deputados, por aqui eleitos, esquecem mal se apanham na Assembleia da República, traindo as suas promessas e os cidadãos desta região.
A nacionalização de empresas durante o “gonçalvismo” e, mais tarde, as “privatizações” com Cavaco Silva provocaram profundas alterações a nível económico e social em Portugal, levando a uma excessiva concentração de recursos nacionais e da União Europeia na região de Lisboa, com investimentos caríssimos já realizados ou em projecto, enquanto a região do Porto pouco tem recebido.
Com os meios de comunicação social todos instalados ou dirigidos de Lisboa, principalmente as televisões, assistimos a sucessivas campanhas de exaltação dos clubes de Lisboa enquanto se omitem, se menosprezam e se apoucam os feitos nacionais e internacionais do F.C. do Porto. Assistimos, inclusivamente e durante anos ao lançamento de uma campanha de incitamento ao ódio a este clube na SIC, por parte de certos “jornalistas” de nacionalidade portuguesa e estrangeira. Em muitos órgãos da comunicação nacional celebram-se, nos bastidores ou mais às claras, as derrotas internacionais e nacionais do clube, reflectindo-se essa animosidade na forma como são redigidas e transmitidas as notícias. Clubes que muito gastam em centenas de jogadores e nada ganham são quase todos os dias exaltados em primeiras páginas de jornais, enquanto as notícias do Porto aparecem em tamanho minúsculo. Outro exemplo, que todos os portistas conhecem, foi a campanha “montada” contra Pinto da Costa. E que aconteceu a Carolina Salgado, Leonor Pinhão, Luís Filipe Vieira e muitos outros envolvidos neste caso e em outros? Nada, pois a justiça não existe em Portugal. A Justiça costuma ser representada com uma venda nos olhos, mas é um escândalo e um descrédito para o Ministério Público e outros órgãos a ela ligados o que está a acontecer. Mais uma vez, dois pesos e duas medidas! Os criminosos passeiam-se e são soltos, principalmente quando têm como cor o vermelho, mas se um azul e branco fizer algo cai o Carmo e a Trindade, frase lisboeta tão conhecida. Autocarros incendiados, adeptos atacados, recintos de hóquei em patins com jogadores agredidos por adeptos são alguns dos frutos do ódio pregado contra o clube azul e branco.
Enquanto muitas câmaras municipais ajudam com terrenos que depois os clubes vendem (Braga, Benfica, Setúbal) os clubes dessas cidades ou lhe cedem o estádio municipal e uma enorme verba (Guimarães) e algumas constroem estádios onde o clube da cidade joga sem grandes despesas (Braga) e nas regiões autónomas da Madeira e Açores os governos regionais apoiam os clubes locais, nos últimos oito anos o F.C. do Porto, hoje em dia a maior marca da cidade, tem sido hostilizado por um político profissional que ascendeu ao cargo de presidente da dita, que não tem seguido uma política isenta, já que só tem olhos para o “seu” clube e para números, ignorando os benefícios que o clube azul e branco tem trazido à cidade, à região e ao país. Nada a esperar de um indivíduo que, enquanto deputado, nunca defendeu a cidade e o Norte e faz parte de um grupo de políticos desta cidade e do seu partido que não têm um mínimo de sensibilidade e respeito pelos habitantes desta cidade e região.
Mais que um clube
Perante toda esta realidade indesmentível e apesar de todas as campanhas dirigidas contra ele e as pessoas a ele ligadas, o clube continua a vencer, de forma clara, os seus adversários em campo e aqueles que procuram alcançar na secretaria o que não têm capacidade para alcançar no terreno de jogo.
O número de adeptos aumenta cada vez mais, tornou-se o melhor clube português a nível internacional, basta comparar os troféus conquistados.
Para a maioria dos seus adeptos, vivam onde viverem, as suas vitórias são um lenitivo para as dificuldades que atravessam e embora contentes, só o encaram como um clube desportivo. Mas, para uma parte cada vez maior desses adeptos, principalmente para os do Grande Porto e seu distrito, mais conscientes e conhecedores do que se passa em Portugal, aqueles que poderemos classificar como uma “vanguarda”, o F.C. do Porto já não é só um clube desportivo, embora o melhor de Portugal. Tornou-se mais do que um clube, pois passou a encarnar e a representar os valores, os anseios e o desejo de justiça de quem se sente, todos os dias, discriminado, prejudicado, maltratado, traído pelos políticos que nos deviam representar e defender e não o fazem, por carreirismo ou defesa de outros valores desportivos ou materiais. Se os partidos políticos não cumprem o seu dever, se alguns deputados e políticos não defendem nem representam efectivamente quem os elegeu, então é natural que cada vez mais portugueses, principalmente no Grande Porto, apoiem fervorosamente o clube e esperem dele mais do que apenas vitórias. Querem que a única instituição nacional, de fora de Lisboa, capaz de enfrentar e vencer os clubes de Lisboa, os vingue e sacie a sua sede de justiça contra os eternos protegidos de uma capital ingrata e madrasta para a maioria dos portugueses.
É por isso que certos “jornalistas” e “ comentadores” televisivos e não só, que se consideram importantes e “opinion makers”, não conseguem compreender que, ao celebrar mais uma qualquer vitória, muitos adeptos do Porto insultem e ataquem aqueles que consideram inimigos, inimigos da sua cidade, da sua região, do seu clube, até do seu país, pois se esses indivíduos e os dirigentes e adeptos dos seus clubes passam a vida a atacar o clube e a região, é compreensível que aqueles que, no Porto, continuam a defender os valores da cidade e da região e não gostam de dever nada a ninguém lhes respondam à letra. Contas à moda do Porto! Quem ataca e prejudica o clube, a cidade, a região e os portistas, estejam eles onde estiverem, terá a resposta que merece. A cidade do Porto é a mãe da liberdade em Portugal enquanto Lisboa sempre se submeteu e viveu à custa do poder vigente. Para nós, o tempo da submissão já acabou, excepto para os colonizados, para os cobardes subservientes e para certos políticos que nos atraiçoam.
Por tudo isto F. C. do Porto – Mais do que um clube!
Eu diria mais
MES QUI MAI
Eu diria mais
MES QUI MAI