Como diria o poeta, estava escrito nas estrelas que o porto se sagraria campeão. Pessoalmente, enquanto não vi o James a desembaraçar o redil montado pelo Guimarães não consegui abrir a garrafa de Champagne. Quando acordei disseram-me que tinha acontecido um jogo em Braga. Já ressacado, fui obrigado a abrir outra garrafa de Champagne em honra de Mossoró. Parei de beber há umas horas e estou susceptível a fazer balanços sobre o tempo que passou aos comandos de Villas-Boas.No fundo, como diria o poeta, quero ressalvar as estrelas que foram escrevendo este título.
Maior mérito: continuidade táctica com o legado de Jesualdo. A manutenção de um 4-3-3 permitiu que o Porto enfrentasse a super-taça e iniciasse o campeonato sem problemas de identidade de jogo. Convém no entanto assinalar algumas nuances introduzidas por AVB: maior especialização do trio ofensivo com a sistemática colocação de Hulk à direita; menor rigidez no meio campo - muito devida à capacidade de Moutinho para compensar Fernando e à dimensão atlética adquirida por Belluschi; assunção de uma assimetria na defesa com a colocação de um lateral ofensivo na esquerda e de um lateral mais conservador na direita (resta saber se esta opção foi táctica ou se resultou das crises existenciais de Fucile no início da época). Jogadores fundamentais: Hulk, Moutinho e Falcão. Ia incluir Álvaro Pereira neste grupo mas creio o uruguaio é mais insubstituível do que fundamental. A juntar a estes três fundamentais cabe registar a solidez de outros dois: Rolando e James. Pessoas que não sabem jogar mal e que lidam bem com um regime de expectativas que lhes pede a máxima eficácia com a maior discrição possível. Transpiram serenidade e alicerçam emocionalmente o grupo.
Momentos a registar para posteridade: as conferências de imprensa do miúdo; a senda goleadora de Hulk.
Momentos a rever: a incapacidade do meio campo para gizar desequilíbrios dentro do 4-3-3- aquando das noites mais desisnpiradas de Belluschi (a alternativa tem sido sempre a mudança táctica)
Pior momento: o modo como o grupo a certa altura ressentiu as loas que se foram tecendo à qualidade superior do futebol do Benfica. Felizmente os trabalhos forçados que Jesus sujeitou os argentinos de pequeno porte a bem da nota artística ficaram patentes em Braga: Gaintan (jogou 20 minutos), Saviola (foi substituído), Aimar (ficou a ver o jogo na Sporttv), Salvio (ficou a ouvir o relato no TVG para Madrid).
Nesta jornada o espectro de um campeão com pior futebol do que o Benfica foi exorcizado.O massacre de Jesus aos músculos dos seus argentinos poderá levá-lo a sentar-se no banco do Tribunal Penal Internacional antes do fim da época. Acusação: morte artística.