quinta-feira, 26 de maio de 2011

bai dar banho á galinha que a a águia está de molho.

eheheh
muito bom. sacado do boronhas.

Instituições






O Benfica estará provavelmente mais isolado do que nunca no cenário futebolístico nacional. Como escrevia Domingos Amaral, «no país das palmadinhas nas costas, quem tem coluna vertebral é ostracizado como corcunda». A questão se não fosse para chorar até dava para rir, ou no mínimo para sorrir. Depois de Luís Filipe Vieira questionar-se publicamente quanto ao «porquê hostilizarem o Benfica» - algo que nos despertou um déja vu à ingenuidade de Manuel Damásio -, ainda há poucos meses Domingos Soares de Oliveira confidenciou que o facto do Benfica ser digno de cânticos ofensivos em todos os estádios do país já é digno de brincadeira na própria estrutura encarnada. De facto começa a ser um problema cultural pós-geração à rasca e nas que certamente lhe seguirão.

Orgulhosamente sós, diríamos, relembrando uma frase de triste memória. Temos de facto condões contíguos à grandeza da maior Instituição portuguesa. Vai por conseguinte muito para além do síndroma de gigantismo de outros clubes que quanto mais ganham, mais regionais se tornam. Assim, para todos os misólogos que repudiam o termo «Instituição», constatar a obsessão em torno do nosso clube numa final da Liga Europa é um ponto de partida obrigatório – basta querer. O Benfica teve honras de Pinto da Costa que esquecendo como o seu FC Porto eliminou o Manchester em 2004 resolveu relembrar «a mão de Vata», Mesquita Machado por seu lado decidiu-se por considerar o Benfica «o adversário mais fácil» que o SC Braga defrontara na Liga Europa, Villas-Boas não quis ficar aquém e em antevisão da final resolveu informar o mundo que nunca treinaria o Benfica, e por último não faltaram sequer os habituais cânticos ofensivos a que DSO fez referência na sua entrevista há meses.

Somos assim como que um tónico capaz de transformar equipas em depressão em «guerreiros». Com alguma displicência no jogo da Supertaça embalámos desde logo o FC Porto para uma época que eles próprios já consideram «a melhor de sempre». Aparte esses pormenores superlativos de quem quer desesperadamente fazer por esquecer Mourinho, podemos também relembrar o sucedido com a equipa do Braga. Antes do jogo para a Liga quedava-se por posições modestas na tabela e apenas uma campanha europeia aguerrida ia dando algum brilho.

O Benfica tem incontornavelmente um efeito unionista, pena que seja contra ele próprio. No célebre jogo na cidade dos arcebispos por exemplo, vimos Mossoró «jogar de raiva», vimos também os adeptos brindarem os atletas com bolas de golfe, até tivémos oportunidade de ver Cardinal e Xistra dançarem com Alan numa simbiose perfeita. No final todos estavam satisfeitos, e entre os telefonemas de felicitações entre Salvador e Pinto da Costa nem Domingos Paciência cabia em si de contente, dizendo para todos ouvirem «se vencermos o Benfica podemos vencer qualquer um». E a recta final de época do SC Braga, assim foi, histórica e talvez irrepetível...

Desde portistas, braguistas, até mesmo os depauperados sportinguistas não continham a excitação. A efusividade era tanta que Bernardo Ribeiro, o sub-director do jornal Record, não se conteve, e apressadamente apontando às «poupanças de Jesus» e ao «frango de Roberto» tentava desesperadamente ilibar Xistra e Cardinal, dando o mote para uma redacção em delírio.

Saltando o pormaior do observador do encontro ter dado obviamente razão ao Benfica, foi numa sintonia perfeita que se alinharam Varelas, Pais, Pintos, entre tantos outros que fazem do anti-benfiquismo um pré-requisito do pasquim. A depressão benfiquista via finalmente a luz do dia.

E quão virgens ofendidas foi então tempo de preciosidades de almanaque, por um lado Alexandre Pais a lamentar o Record ser o «bombo da corte», por outro João Rui Rodrigues a defender que «no Record continuaremos a fazer aquilo que é nosso compromisso diário: informar o leitor com rigor. Sem boicote ou revisão do regime».

Já dizia Friedrich Nietzsche que «Não se odeia quando pouco se preza, odeia-se só o que está à nossa altura ou é superior a nós», a maior Instituição portuguesa, por exemplo



a seguir tem um melhor.



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